Comumente, as mulheres com deficiência visual não são lembradas nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, reforçando o estigma da invisibilidade. Hoje, porém, a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) vem a público saudar essa parcela da população que diariamente se empenha na luta por vencer barreiras físicas e atitudinais, na conquista e manutenção dos direitos mais básicos.
No dia 8 de março de 1917, um grupo de operárias saiu às ruas para protestar contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial. Elas foram fortemente repreendidas e o episódio acabou dando início à Revolução Russa.
Desde então, o movimento internacional socialista adotou a data como o Dia internacional da Mulher e as comemorações passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países.
A ONU declarou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher” e foi a partir desse ano que o 8 de março tornou-se o que temos atualmente.
Ao longo desse tempo, a percepção de que o substantivo “mulheres” engloba mais variáveis que as letras que o compõe vem se solidificando.
Muito embora a luta por direito seja um fato para todas nós, a realidade de cada grupo requer visibilidade e uma atenção comprometida, aberta e constante.
No caso das mulheres cegas e com baixa visão, é indispensável compreender que os processos de opressão somam-se: sofremos, na alma e na pele, os reflexos do machismo e do capacitismo, os quais mesclam-se e adquirem contornos muito específicos quando vivenciados por essa população.
Consideradas assexuadas, raramente somos vistas como mulheres, portanto inexiste acessibilidade para que exerçamos com autonomia nossos direitos reprodutivos e civis.
Tal exclusão torna as meninas e mulheres com deficiência visual mais vulneráveis à violência doméstica, sexual e psicológica.
A falta de preparo dos profissionais de saúde e da polícia faz que frequentemente soframos preconceito quando buscamos assistência médica ou denunciamos eventuais agressões.
Consciente das lutas enfrentadas e comprometida com a ampliação dos progressos já alcançados, a ONCB renova seu empenho com as mulheres e acredita na força da união de todos e todas frente aos desafios, impostos pela conquista e garantia dos direitos das pessoas com deficiência visual, em geral, e das mulheres, em particular.