Em 2021, a Secretaria de Juventude da ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil) lançou uma pesquisa para mapear o perfil, as áreas de interesses e os principais canais de conteúdo e informação utilizados por jovens cegos e com baixa visão. O questionário on-line teve 143 respostas e retrata o universo de pessoas com deficiência visual que tem algum tipo de contato com o movimento.
Sobre o tipo de deficiência visual, 53% afirmaram ser pessoas cegas e 47% pessoas com baixa visão.
Em relação a distribuição regional, sudeste prevaleceu, com 36% das respostas. Em seguida estão nordeste (25%), sul (21%) e norte e centro-oeste, ambos com 9%. Alguns estados se sobressaíram, como é o caso de MG, com 16% das respostas, seguido por SP (12%), RS (10%) e BA (8%). Por outro lado, houve uma pequena participação de RR, RN, PI, RO, ES, GO, SE e DF, todos com 1% de respostas. “Um dos principais objetivos da pesquisa é buscar e atrair ainda mais jovens de diferentes regiões para o movimento, reconhecendo as limitações técnicas e tecnológicas da nossa atuação”, afirma Gustavo Torniero, Secretário de Juventude da ONCB.
Em relação à idade, 67,2% das pessoas que responderam tem entre 15 e 29 anos. Os demais estão abaixo ou acima dessa faixa etária. Já sobre a divisão de gênero, 55% das pessoas assinalaram que se identificam com o gênero feminino e 45% com o gênero masculino.
Quanto à escolaridade, 57% dos jovens que responderam à pesquisa tem ensino superior completo ou pós-graduação. “Não é possível afirmar que essa é uma realidade de todo o universo de jovens cegos e com baixa visão no país. Apesar disso, as respostas sugerem que existem, sim, pessoas com deficiência visual altamente capacitadas para serem incluídas no mercado de trabalho”, afirma Gustavo. Ainda sobre a escolaridade, 31% tem Ensino Médio; 8% Ensino Fundamental e 1% não foram alfabetizados.
A pesquisa também coletou dados sobre a participação em diferentes movimentos sociais. Dos respondentes, 40% participam apenas do movimento de pessoas com deficiência, 8% participam apenas de outros movimentos e 8% participam de ambos, o que revela um grande potencial de contato com outras temáticas. E, finalmente, 45% não participam de nenhum movimento social, o que é uma ótima oportunidade para conhecer a ONCB e os projetos realizados pela entidade.
Sobre a forma que consomem informações, 83% dos que responderam a pesquisa afirmaram que preferem as redes sociais. Na sequência vem os sites (62%), TV (38%), Rádio (29%) e newsletter (29%), revista e jornal (15%) e outros canais (1%). “Isso mostra uma tendência de priorizar o uso da tecnologia para obter informações, mas os meios tradicionais, somados, também possuem relevância”, explica Gustavo.
Em relação a como esses jovens preferem acessar conteúdo na internet, 80% responderam o youtube, seguido por WhatsApp (65%), E-mail (52%), Instagram (48%), Facebook (38%), Twitter (31%) Telegram (21%) e outros (3%).
O questionário também buscou entender as principais áreas de interesse dos jovens cegos e com baixa visão. 65% dos que responderam afirmaram se interessar por assuntos relacionados à Diversidade e Inclusão, 64% por tecnologia e 63% pela educação. Na sequência estão temas como arte, entretenimento, cultura, autonomia e saúde. “Percebemos, nesse tópico, que existe uma curiosidade por temas variados e pautados nos debates contemporâneos”, analisa Gustavo.