A Makie Dolls, primeira a fazer bonecos por impressão 3D, Playmobil e Lego responderam ao desafio lançado por pais que clamavam por brinquedos para filhos portadores de deficiência.

Bonecas com implante auditivo, andarilhos ou angioma facial. Ou de óculos, de muletas ou de lábios liporinos. Depois de uma campanha lançada por pais a clamar por brinquedos especialmente dirigidos aos filhos portadores de deficiência – um mercado calculado em 150 milhões de crianças -, várias empresas responderam criando linhas limitadas de produtos ou propondo a encomenda online.

Globalmente, a indústria de brinquedos movimenta 120 mil milhões de dólares. Mas não existe nenhuma Barbie de cadeira de rodas, explicou Rebecca Atkinson quando lançou a campanha ToyLikeMe há quase um ano.

A jornalista britânica trabalhou 20 anos na produção de TV e de imprensa e sempre se interessou pela forma como o sector tratava a deficiência infantil. Em abril de 2015, ao reparar na falta de representação dessas características na indústria de brinquedos, lançou com outras mães a iniciativa ToyLikeMe, nas redes sociais Facebook e Twitter.

“A resposta da Playmobil a deficiência era um rapazinho com uma perna partida e um homem idoso empurrado numa cadeira de rodas por uma mulher jovem e loira.

O que é que isto dizia as crianças? Que só os idosos precisam de cadeiras de rodas? Que a deficiência infantil se resume a umas semanas com a perna engessada e depois desaparece?”, perguntava Rebecca.

” Quando pensei no nível de exclusão que estas grandes marcas estavam a operar, os ‘Flautistas de Hamelin’ da meninice, fiquei furiosa. Quis fazer alguma coisa. É que eu era uma dessas crianças”, explica a jornalista. “Cresci com aparelhos auditivos e nunca me vi representada em lado nenhum. Não havia pessoas surdas na televisão, na banda desenhada que eu lia ou nos brinquedos com que eu brincava”.

O caso das Makie Dolls

O resultado da iniciativa foi um movimento viral que envolve milhares de pessoas, que começaram por transformar brinquedos de forma a mostrar alguma deficiência, fotografando-os depois e publicando as imagens na internet, para chamar a atenção para a ” deficiência ” da indústria.

A Indústria, ou pelo menos parte dela, começou a ouvir. O movimento descobriu uma pequena empresa britânica, a Makie Dolls que produz bonecos por impressão 3D e que aceita encomendas. A ToyLikeMe pediu-lhe se faziam umas bengalas e uns aparelhos auditivos para as suas bonecas.

A empresa não só aceitou de imediato como em pouco tempo desenvolveu três modelos, um com bengala, outro com aparelho coclear e outro com angioma facial. Está ainda a criar uma boneca em cadeira de rodas.

Petições de milhares

A Playmobil foi o alvo seguinte. Depois de uma petição que obteve 50 mil assinaturas numa semana a empresa aceitou o desafio e está a começar a produção de produtos inspirados em idéias lançadas pelo movimento, que deverão chegar ao mercado em 2016.

A Lego recusou a princípio responder ao desafio de outra petição, assinada por 20 mil pessoas, mas o movimento não desistiu e colocou na página das ideias da Lego uma proposta de um Pai Natal numa cadeira de rodas. A Lego acabou por anunciar a criação de um boneco em cadeira de rodas.

Atualmente a campanha ToyLikeMe é seguida por 30 mil pessoas em 45 países e pretende criar um site que sirva de banco de dados de brinquedos com deficiência ou produtos para crianças portadoras de deficiência, para aquelas pessoas que os procuram poderem facilmente encontra-os e, eventualmente, encomenda-los.