Quatro pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica na Saúde, da UFRN , avaliam Olho Biônico; crédito: Bethowen Padilha/Divulgação
A bengala é de grande ajuda para pessoas com deficiência visual, mas ela tem limites: indica somente obstáculos próximos ao solo e não alerta sobre buracos, como bueiros sem tampa. Mas pesquisadores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) mudaram não apenas o alcance da bengala, como criaram um mecanismo que avisa o poder público e outros usuários dos problemas de acessibilidade locais.
Chamado de Olho Biônico, o sistema tem três sensores _um no boné, um na altura da cintura e outro na ponta da bengala. Esse conjunto de ultrassom calcula distâncias e identifica as barreiras pelo caminho.
Os dados dos obstáculos são computados por um dispositivo e, a partir daí, são emitidas mensagens de voz pré-gravadas. Se uma pessoa com deficiência está em frente a um telefone público, por exemplo, o sistema avisa: “Cuidado, obstáculo a menos de 50 cm da cabeça”. A partir da informação, é possível reorientar a rota. Se o caminho estiver livre, o sistema emite um bipe.
Além de guiar a pessoa com deficiência, o sistema abastece uma base de dados, que disponibiliza à população e ao poder público os problemas encontrados no trajeto.
O coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica na Saúde (Lais), da UFRN, Ricardo Valentim, explica que o que diferencia o Olho Biônico das demais bengalas inteligentes no mercado são duas inovações. Um, a voz que transmite as mensagens, humanizando a experiência de pessoas com deficiência. “Outras utilizam o sistema de vibração, que pode confundir o usuário”, conta.
Outro, é a notificação das barreiras em um site, que pode ser utilizado pelo poder público para promover melhorias em acessibilidade.
Por enquanto, os pesquisadores estão trabalhando com protótipos. Valentim adianta que alguns componentes serão aprimorados, assim como a própria bengala. Feita de alumínio, ela é considerada pesada para o dia a dia. “Em três meses, queremos desenvolver uma de fibra de carbono, que é mais leve.”
Ainda não há previsão de comercialização. Os pesquisadores buscam parcerias para licenciar a tecnologia.